sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Exposição "Histórias do Paranapanema" resgata a identidade cultural


Num momento em que o mundo discute relações com o meio ambiente, a exposição, no pequeno município de Salto Grande, chama atenção para a consciência do patrimônio cultural e a preservação do meio ambiente. O trabalho é árduo e requer boa vontade, já que a exposição é a primeira experiência nesse segmento na cidade.

Exposição "Histórias do Paranapanema" / Foto Whelighton Garcia
De um lado, a força e potência de um dos recursos indispensáveis ao planeta: a água. Do outro, as transformações no meio ambiente e na vida dos moradores com a implantação de uma Usina Hidrelétrica.

 A exposição é permanente e os assuntos divididos em cômodos, de um imóvel recentemente reformado. Nas paredes um passado ainda desconhecido por tantos, retratado em grandes painéis de material leve, com textos impressos em resistentes placas de PVC. A abordagem tem como fio condutor o extenso Rio Paranapanema, com 930 km. Nele, histórias da ocupação indígena, povoamento e força do território batizado de Salto Grande.
O município fica na divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, com cerca de nove mil habitantes, entre o rio considerado dos mais limpos e importantes do interior do estado de São Paulo – o Paranapanema. O local também já foi palco de passagens históricas como o ponto final da Estrada de Ferro Sorocabana (1911), a Revolução Constitucionalista (1932) e a visita do então presidente da República, Juscelino Kubitschek (1958) para inauguração da Usina Hidrelétrica Lucas Nogueira Garcez, motivos suficientes para levar uma equipe a pensar num espaço que abriga memória, cultura e educação.
Para o curador da exposição, Laerte Machado Junior, que conhece a realidade dos equipamentos culturais das cidades do interior Paulista, a exposição em Salto Grande é o primeiro passo para a cidade e seus moradores se apropriarem do equipamento como um pólo de difusão e valorização da história e cultura local.
Com painéis educativos e interação com o público, o projeto pretende levar aos visitantes os pontos de maior destaque da cidade no âmbito nacional, por meio de sua tradição cultural, importância em relação à energia elétrica no estado de São Paulo, a vida e biodiversidade no Rio Paranapanema.

Cômodos da memória

Intencionalmente ou não, o Centro Cultural está localizado na antiga moradia de Walter Graff, pintor conhecido na cidade. Graff pode ser considerado um herói no salvamento de peças de cerâmica Tupi-Guarani, durante a formação do reservatório para construção da Usina. Pensando no patrimônio arqueológico, o artista guardou em sua residência o material recuperado até a sua doação para o acervo do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA/UFPR), em 1965. Mais de 45 anos depois, a casa é reformada e transformada numa verdadeira viagem ao tempo. Seus cômodos abrigam, hoje, grandes painéis, textos explicativos e vídeos de depoimentos com a proposta de resgatar o que Graff preservou durante tanto tempo – o patrimônio desconhecido da cidade de Salto Grande. 

EXPOSIÇÃO
Salto Grande: Histórias do Paranapanema. Centro Cultural Dr. João de Souza, em Salto Grande (Av. Coronel Pedro Silvio Pocay, 152, Salto Grande, SP, Tel. 14-3378.1399). Permanente. De segunda a sexta, das 8h às 11h e das 13h às 17h. Grátis.


 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Encontro "Amigos para Sempre" se transforma em ferramenta social



Em tempos de relações virtuais, o grupo de amigos revisita o passado e fortalece o sentimento de amizade. Foto: Whelighton Garcia 
 
 
A iniciativa teve início há mais de 10 anos, quando Luiz Eduardo de Paiva resolve reunir, despretensiosamente, alguns amigos para comemorar seu aniversário na cidade de Salto Grande, apesar de morar em São Paulo, não perdeu o vínculo com sua terra natal e essa seria uma boa oportunidade para reencontrar pessoas e reviver histórias. Na época, não havia rede social e o convite foi direto com pouca repercussão.

Nas edições seguintes, Luiz Paiva pede ajuda do amigo José Carlos Goulart para antecipar a organização na tentativa de reunir mais pessoas ao encontro. Durante aproximadamente seis meses, pesquisaram endereços, telefones e e-mails de amigos que conviveram com os organizadores no período em que estiveram na cidade. Goulart chegou a criar uma comunidade denominada “Salto Grande - Terra Santa” no Orkut – rede social em destaque na época -, a partir daí, a busca pelo passado estava só começando.

Alguns amigos não tinham acesso a internet e quem acabou entrando na comunidade foram os filhos, netos, sobrinhos daqueles que seriam originalmente os alvos e, de alguma maneira, contribuíram na localização de várias pessoas. Goulart conta que foi um sucesso, cerca de 50 pessoas foram ao almoço no camping local. Tive, talvez, a maior emoção da vida. Foi fantástico rever gente que teve tanta importância na minha vida e que não tinha mais esperança de encontrar naturalmente, lembra Goulart.

A ideia do nome “Amigos para Sempre” foi sugestão de Alberto Barbalho, outro componente do grupo, logo aprovada por todos.
Na última edição, realizada em Julho de 2012, o número de participantes chegou a 100 pessoas e mesmo com forte chuva, o grupo se espalhou entre mesas, cadeiras, brincadeiras e muitas recordações.

 
É o momento em que todos pertencem a uma mesma família, independente do lugar onde vivem. Todos se organizam para estarem no horário e local marcado, como se entrassem numa máquina capaz de direcioná-los às lembranças mais marcantes da cidade de Salto Grande, do Rio Paranapanema, dos bailes, da infância e da adolescência. Uma grande família.
 
Amigos Luiz Paiva (esquerda), João Pocay (centro), José Cralos Goulart (direita). 
Foto: Whelighton Garcia.

domingo, 16 de outubro de 2011

Arquitetura misteriosa


Prédio da antiga Estação Ferroviária de Salto Grande / Foto: R&F
Podemos dizer que as construções históricas são “lugares de memória”, surgem como documentos e monumentos reveladores de processos sociais, revestidos de uma função bastante representativa da memória local.

Os acontecimentos no espaço e no tempo são operados pela memória representada e produzida no interior de uma classe, rede de contatos, comunidade ou mesmo determinada região. Para que essa memória seja difundida entre gerações é preciso alimentá-la com imagens, sentimentos, ideias e valores, transformá-la em identidade local. 

Preservar a arquitetura também é uma forma de resgatar a identidade cultural.

Postagem reeditada em Setembro/2012.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Rotas da riqueza

 
Início do povoado / Foto: R&F
                             
Com a descoberta do ouro, em Minas Gerais, a passagem de tropeiros por rotas alternativas no Vale do Paranapanema são constantes e não demora para chega ao fim por causa da expansão de ferrovias e rodovias.

Na viagem do desbravamento de terras do sertão paulista, encontramos na maioria dos locais percorridos, condições de povoado e isso atrai a atenção do desbravador José Theodoro. A ideia é acampar num lugar que proporcione bons ganhos e terra fértil.
 
Sempre denominados como desbravadores do "ciclo do ouro", percorremos regiões como: Mogi Mirim, São João da Boa Vista, Botucatu, Itapetininga, São Domigos de Tupã, Santa Bárbara do Rio Pardo, Espírito Santo do Turvo, Santa Cruz do Rio Pardo até chegarmos em Salto Grande do Paranapanema, local de muitas riquezas naturais.  

 
Fonte: Celso Prado

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Viagem ao Desbravamento

Rio Paranapanema / Foto: R&F

As placas sinalizam a contagem dos quilômetros, com a distância luzes da cidade se apagam e pela janela é possível observar apenas o brilho dos faróis refletidos na faixa contícua da estrada. A escuridão perpetua o silêncio. Com olhar fixo no horizonte, a sensação de espaço se altera e o desembarque remonta ao ano de 1856.

As matas fechadas impedem a visão do solo rico ao longo das margens do rio. Entre rochas, a mata virgem oferece ao desbravador o anseio por riqueza e fartura. Iniciamos nossa expedição entre o Atlântico e o Pacífico, onde o Vale do Paranapanema esta em fase de integração dos primeiros povoados constituídos, quase sempre, à beira dos caminhos trilhados pelos indígenas. Optamos pelo caminho dos jesuítas, que aproveitam as trilhas já abertas pelos índios, nos conduzindo ao líder da operação: José Theodoro de Souza.

O comandante é carioca, religioso, homem simples, não sabe ler nem escrever e quem registra o trajeto é seu genro, Francisco de Paula Moraes, “vulgo” Chico Paula, quem nos acompanha nas viagens.

A exploração e desbravamento das terras têm inicio no município de Avaré (SP) saindo da cidade de Pouso Alegre (MG), como linha-guia as margens do Rio Paranapanema.  O objetivo de José Theodoro e seu exército é explorar e tomar posse de terras do sul do Brasil.
 
A primeira parada é em Botucatu (SP), onde conhecemos o então Coronel Tito Correa de Melo. O Nesse momento, o plano é desbravar o sertão paulista, assim denominado a região, e a partir do apoio do governo e parceria com José Theodoro, “limpar” o sertão. Os índios, até então donos da terra inexplorada, são extintos.

Fontes de pesquisa: Geraldo Vieira Martins Junior / Celso Prado  (Santa Cruz do Rio Pardo)
 
 







domingo, 9 de outubro de 2011

A grande cachoeira


Cachoeria dos Dourados / Foto: Divulgação

Entre as riquezas naturais da região, o município foi fundado a partir do traçado do Rio Paranapanema e havia uma grande queda d' água localizada exatamente onde hoje estão as barragens da usina hidrelétrica Lucas Nogueira Garcez. Uma das denominações da cidade foi Cachoeira dos Dourados, depois Salto Grande do Paranapanema e, a partir de 1922, Salto Grande.

Postagem reeditada em Setembro/2012.

Renata Tomasetti

Renata Tomasetti
 
Conheci Salto Grande quando ainda cursava a faculdade de jornalismo e desde a primeira vez que ouvi falar da cidade me encantei pelos contos, pessoas, descrições geográficas e belezas naturais. Percebi que lá teria uma infinidade de histórias para resgatar da memória local. Como jornalista pretendo com a minha amiga Franciela, nascida e apaixonada por sua terra natal, desvendarmos os segredos deste lugar encantador. O canal escolhido foi esse blog onde pretendemos expôr um pouco das impressões e interpretações.
Vamos curtir essa viagem!