Num
momento em que o mundo discute relações com o meio
ambiente, a exposição, no pequeno município de
Salto Grande, chama atenção para a consciência do
patrimônio cultural e a preservação do meio
ambiente. O trabalho é árduo e requer boa vontade, já
que a exposição é a primeira experiência
nesse segmento na cidade.
Exposição "Histórias do Paranapanema" / Foto Whelighton Garcia |
A exposição é permanente e os assuntos divididos em cômodos, de um imóvel recentemente reformado. Nas paredes um passado ainda desconhecido por tantos, retratado em grandes painéis de material leve, com textos impressos em resistentes placas de PVC. A abordagem tem como fio condutor o extenso Rio Paranapanema, com 930 km. Nele, histórias da ocupação indígena, povoamento e força do território batizado de Salto Grande.
O
município fica na divisa entre os estados de São Paulo
e Paraná, com cerca de nove
mil habitantes, entre o rio
considerado dos mais limpos e importantes do interior do estado de
São Paulo – o Paranapanema. O local também já
foi palco de passagens históricas como o ponto final da
Estrada de Ferro Sorocabana
(1911), a Revolução Constitucionalista (1932) e a
visita do então presidente da República, Juscelino
Kubitschek (1958) para inauguração da Usina
Hidrelétrica Lucas Nogueira Garcez, motivos suficientes para
levar uma equipe a pensar num espaço que abriga memória,
cultura e educação.
Para
o curador da exposição, Laerte Machado Junior, que
conhece a realidade dos equipamentos culturais das cidades do
interior Paulista, a exposição em Salto Grande é
o primeiro passo para a cidade e seus moradores se apropriarem do
equipamento como um pólo de difusão e valorização
da história e cultura local.
Com
painéis educativos e interação com o público,
o projeto pretende levar aos visitantes os pontos de maior destaque
da cidade no âmbito nacional, por meio de sua tradição
cultural, importância em relação à energia
elétrica no estado de São Paulo, a vida e
biodiversidade no Rio Paranapanema.
Cômodos da memória
Intencionalmente
ou não, o Centro Cultural está localizado na antiga
moradia de Walter Graff, pintor conhecido na cidade. Graff pode ser
considerado um herói no salvamento de peças de cerâmica
Tupi-Guarani,
durante a formação do reservatório para
construção da Usina. Pensando no patrimônio
arqueológico, o artista guardou em sua residência o
material recuperado até a sua doação para o
acervo do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas
(CEPA/UFPR), em 1965. Mais de 45 anos depois, a casa é
reformada e transformada numa verdadeira viagem ao tempo. Seus
cômodos abrigam, hoje, grandes painéis, textos
explicativos e vídeos de depoimentos com a proposta de
resgatar o que Graff preservou durante tanto tempo – o patrimônio
desconhecido da cidade de Salto Grande.
EXPOSIÇÃO
Salto
Grande: Histórias do Paranapanema.
Centro Cultural Dr. João de Souza, em Salto Grande (Av.
Coronel Pedro Silvio Pocay, 152, Salto Grande, SP, Tel.
14-3378.1399). Permanente. De segunda a sexta, das 8h às
11h e das 13h às 17h. Grátis.